Monday, June 05, 2006

~Não há~

Entre lábios e vozes, toda a vida estremece. Em mãos desatadas, em pulsos abertos como peitos prontos a serem feridos. É urgente atenuar as luzes dos meus olhos, antes que cegue alguém. É preciso que o silêncio caia sobre os meus ombros. É no ponto mais alto da emoção, que foco a sombra, em explosão. Nem o tempo, tem tempo para mim. As palavras estão já tão gastas, tão sujas, tão intemporais... Não há sede que me peça água, não há boca que vibre, nem trema, nem sangre, nem se esconda, sequer. Não há boca. Não há trapos, nem brilhos redondos. Não há luares brancos onde pisar as folhas secas na calçada, descalça, à boca da noite. Não há presenças a viver plenitudes, nem o ardor do vento nos meus seios, arrepiados. Não vejo perfeição nos passos para trás. Não vejo, sequer.

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