Saturday, August 12, 2006






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Chorar com a ferocidade, mais tarde pintar as palavras. Vestir e rasgar o peito. Nunca acaba. Morre e nasce, volta a morrer e volta a nascer. É o ciclo obrigatório. É certo que a chama que se acende, também se apague. E o medo? Apaga-se? E o erro? Apaga-se? E o amor, apaga-se? E ainda que se apagasse, voltaria a nascer, como o peito. E a queda?
E como é que tudo se apaga, sem que volte a nascer, desassogadamente? E porque é tudo tão intenso e flamejante? E porque é que a intensidade de tudo nunca se apaga?
E os dias, chegam realmente a acabar? E porque todas as noites e todos os dias não são só um dia, em vez de serem tantos dias e tantas noites, num tempo tão interminável?

E as perguntas sem resposta, porque é que nunca acabam?





Raquel

6 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Os teus posts lembram-me sempre músicas...

"Drão. O amor da gente é como um grão,
Uma semente de ilusão.
Tem que morrer pra germinar,
Plantar n'algum lugar,
Ressucitar no chão.
(...)

Drão. Não pense na separação...
Não despedace o coração.
O verdadeiro amor é vão.
Entende-se infinito, imenso monolito,
Nossa arquitetura.
(...)

Drão. Os meninos são todos sãos.
Os pecados são todos meus.
Deus sabe a minha confissão...
Não há o que perdoar,
Por isso mesmo é que há
De haver mais compaixã.o

Quem poderá fazer, aquele amor morrer?
Se o amor é como um grão...
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão."

11:31 AM  
Anonymous Anonymous said...

sem perguntas a vida nao tinha piada (apesar das estupidas conjugações do verbo haver).

os dias infelizmente acabam, por mais dias que sejam o tempo acaba por os reduzir a pouco.
e as noites se nao acabassem nao tnham piada.

a paixao acalma, o amor desleixa-se e transforma se em carinho. e sim só o afecto dura para sempre.

12:13 PM  
Blogger Joana Croca said...

Porque se tudo fosse mais simples, gostariamos que fosse mais denso e complexo, e com toda a certeza nos questionariamos sobre porque "raio" é que a vida é tão curta [nos intervalos em que não nos queixariamos por ser tão longa], e como seria se em vez de uma noite e um dia houvessem varias outras noites e dias. O tempo é relativo, sempre, e também ele limitado a quem e ao que somos.
O mundo pinta-se a si próprio e nós, cá andamos a mudar apenas os papéis de parede, quando já não gostamos do antigo. Dizer que é um ciclo é, talvez, conformista, mas negá-lo seria...hipócrita. E é neste trampolim de antiteses que temos de desbravar os nossos caminhos, e na descoberta de um trilho, existe sempre o risco, e a dúvida - o porquê.
Com isto tudo dizer, que haverá sempre um porquê, em qualquer certeza! Isto porque a vida é constituida por uma concomitância de metamorfoses, muitas delas, sem que delas tenhamos poder algum. É preciso, como direi, ir enchendo o alforge que todos trazemos às costas,ao longo da vida, da melhor forma possivel.

E, por fim, tenho de discordar, com o comentario "da Marta". Não é o afecto que dura para sempre.

Só NÓS duramos para sempre, até não durarmos mais. Aquilo que fazemos e conseguimos nesse periodo...é uma construção constante, algumas coisas, demoram uma vida, outras, uns instantes. E no entanto, todas pesam, e todas...são tempo.

Um beijinho

8:26 PM  
Anonymous Anonymous said...

Se o tempo nunca acaba porque é que temos a sensação de que algo termina irreversivelmente a cada minuto que passa?

2:08 PM  
Blogger da. said...

..e por cada dor assim morremos tanto, tanto...

12:33 AM  
Anonymous Anonymous said...

Se acabassem as perguntas sem resposta, acabar-se-ia também esse jeito que te sinto para sentires, para perceberes que em tudo à vida, que em tudo à uma boa dor. Felizmente tens duvidas...porque assim nos brindas com tantas aguarelas de palavras pintadas a sentimentos.Voltarei! Ana

5:16 AM  

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