Monday, March 19, 2007

Ele.

Não sabia o nome dele. Não sei, na verdade. Passava por mim e os seus olhos ardiam. Os meus olhos ardiam. Trincava os lábios (ele, os póprios), encolhia os ombros num gesto tímido, sempre. A timidez enquanto preversidade. A timidez dos olhos sobre si, sobre mim. Perdi a conta de quantas vezes o imaginei a masturbar-se: agarrar a carne firmemente e sentir-se todo num pedaço só. A loucura da não-presença do próximo, a imaginação em súor, nas palmas das mãos aquecidas por si próprio, pelos seus enganos -a imaginação é um engano. Os dentes novamente nos lábios. O movimento já brusco no seu colo. Os olhos a arderem novamente. A sua boca quase deseja o seu próprio sexo, o seu próprio calor timido. A timidez enquanto preversidade. O ardor. Talvez se conseguisse, tentasse. Agarra-se com mais força. Bruto. Frágil. A sensibilidade a surgir do seu interior. Grita silenciosamente. Geme. Vem-se. Abraça-se.
Volto a mim.
Ele passa, ele passa. O seu cabelo engole o vento. O vento acha-me a cara.
Timidez. Devoção.

3 Comments:

Blogger Maria Manias said...

pergunto-me donde terá vindo a inspiração pra isto?lol...

4:05 PM  
Blogger cat said...

g o s t e i


ainda que confesse que as ultimas palavras turned me off a bit - a nivel de ritmo e não de conteudo -

mas ainda assim gostei. muito.*

2:39 PM  
Anonymous Anonymous said...

adoro quando engoles mosquitos enquanto lês alto contos eroticos... LOL kiss

2:54 PM  

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