Thursday, November 22, 2007

Percepções.

Para quê ouvir os pássaros de manhã, se os carros gritam mais alto? Porquê reparar nos olhos podres, imaginários, no banco ao lado do nosso no autocarro? Porquê apagar o som do mundo e perante isso a decisão da nossa música, da nossa escolha. Porquê os guardas-chuva à mão esquerda e o cigarro em dois dedos, se o que queremos é ficar molhados e sentir a garganta viva? E as calças de ganga, a entristecerem na rua, nas mentiras de todos os dias. Sim, sim... as mentiras que vivemos todos os dias, pelas coisas em que acreditamos e pelas que não acreditamos, pelos voos que fazemos perante nós mesmos, pelas mentiras que soam a verdade e por aquelas que são só isso, mentiras. Mas o que seriam dessas mentiras sem as verdades bonitas? Que seria desses despejos de nós, sem nos achar a consciência das lágrimas, das vozes, dos olhos, das palavras, do sexo, do amor, do vício. E que seriam as ruas, se todos nós não fossemos esta mentira? Que seriam o barulho das vozes, as melodias ao peito dos lábios, que seriamos, nós, jovens vadios em nós mesmos?
F*da-se, desligo a música e durmo.


Raquel

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

...sorrio às verdades disfarçadas de mentira...
...so, just 'Smile'...

4:08 AM  
Blogger biz said...

"Porquê os guardas-chuva à mão esquerda e o cigarro em dois dedos, se o que queremos é ficar molhados e sentir a garganta viva".

exacto...

6:19 AM  

Post a Comment

<< Home