Percepções.
Para quê ouvir os pássaros de manhã, se os carros gritam mais alto? Porquê reparar nos olhos podres, imaginários, no banco ao lado do nosso no autocarro? Porquê apagar o som do mundo e perante isso a decisão da nossa música, da nossa escolha. Porquê os guardas-chuva à mão esquerda e o cigarro em dois dedos, se o que queremos é ficar molhados e sentir a garganta viva? E as calças de ganga, a entristecerem na rua, nas mentiras de todos os dias. Sim, sim... as mentiras que vivemos todos os dias, pelas coisas em que acreditamos e pelas que não acreditamos, pelos voos que fazemos perante nós mesmos, pelas mentiras que soam a verdade e por aquelas que são só isso, mentiras. Mas o que seriam dessas mentiras sem as verdades bonitas? Que seria desses despejos de nós, sem nos achar a consciência das lágrimas, das vozes, dos olhos, das palavras, do sexo, do amor, do vício. E que seriam as ruas, se todos nós não fossemos esta mentira? Que seriam o barulho das vozes, as melodias ao peito dos lábios, que seriamos, nós, jovens vadios em nós mesmos?
F*da-se, desligo a música e durmo.
Raquel
F*da-se, desligo a música e durmo.
Raquel
2 Comments:
...sorrio às verdades disfarçadas de mentira...
...so, just 'Smile'...
"Porquê os guardas-chuva à mão esquerda e o cigarro em dois dedos, se o que queremos é ficar molhados e sentir a garganta viva".
exacto...
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