Monday, January 14, 2008

de manhã.

Deixo-me estar. Leio uns poemas, bocejo, esfrego os olhos, fumo um cigarro, entretenho-me enquanto a casa arde. Custa sempre menos, assim. Sento-me, deito-me, espreguiço-me, leio outro poema, volto a bocejar, mexo na orelha, passo a outra mão na barriga para fazer arrepios, paro todas as explicações e deixo-me ficar. Vou ficando, como a pena ao vento, ou será um carro sem travões?
Um gato, outro gato, um beijo, outro beijo, uma esperança, uma derrota, uma música. Eu sabia que tinha que escrever a palavra música , caso contrário já estaria morta, mesmo.
Pouso as palmas das mãos no lençol gelado, vermelho, aperto-o, cai a lágrima, cai o vento, caí sem que me pudesse salvar. Vejo sombras, copos intactos, pianos desafinados na minha mente, pessoas aos gritos a fugir, ciclones de medos a erguerem-se sobre elas: vejo-me a mim nos seus corpos.
Este mundo é uma mentira, é uma ratoeira. Respiro fundo, acendo outro cigarro e deixo o fumo no meu peito, a passear-se.

3 Comments:

Blogger biz said...

"pianos desafinados na minha mente"


=)

5:00 AM  
Blogger biz said...

não conhecia "little dragon". excelente!

4:58 AM  
Anonymous Anonymous said...

...wordless...
joana maria oliveira

3:49 AM  

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