Friday, May 26, 2006

~Bebo~

Bebo. Oiço as escadas enormes a encaracolar em redor do meu cabelo. É uma idéia. São idéias que correm e saltitam dentro deste pequeno soluço de respiração. Escrevo, como me apetece. Faço muitas vezes o que me apetece. Erro e erro repetidamente. Às vezes, consigo não errar.
Vivo.
Transpiro o tempo, os momentos. Vivo e morro no que já não vivo e nos sitios que já não me matam.
Bebo. Se fumasse daria uma passa num cigarro. Bebia o fumo. Bebia tudo.




Raquel.

Friday, May 19, 2006

~Músicas de uma vida~



Margarida Pinto.

Coldfinger.

Cover Sleeve.

Tuesday, May 16, 2006

~Palácio das cinzas~

Observo as portas que já não se abrem. Nelas moram o pó e as cinzas de uma vida, uma história. A música gregoriana deixa-me no centro deste espaço e acompanha a tosse pesada destes que cá vieram chorar a queda das suas varandas interiores, e estes, pendidos sobre a música.
As velas queimam, lentamente, um pouco da luz que vive cá dentro: é como se em cada uma delas houvesse um sopro de uma pessoa e em cada pessoa, a dor de cada vela.
Oiço os sussurros caidos entre os lábios acizentados de cada vazio que aqui se senta. Oiço o cansaço-sentadamente maduro. E, de vez em quando, a música grita em voz baixa com as lágrimas que sinto baterem no chão.
As flores morrem com as cinzas e as cinzas nascem em cada joelho rendido ao olhar Maior que vem do altar.
Trinta e quatro cadeiras vazias, uma ocupada, vinte e duas cadeiras vazias, uma ocupada. Os chapéus destes já residentes neste palácio das cinzas, caem sobre os ombros dos seus suspiros, entre os cantos, e desfazem-se para as mãos, pelas veias quase secas.
Levanto-me, venho-me embora. Olho para trás e vejo-me lá sentada, onde perdi os meus medos, por momentos.



Raquel