Thursday, January 17, 2008

hands.

Tuesday, January 15, 2008

Today is tuesday.



I´m only happy when it rains.



Monday, January 14, 2008

de manhã.

Deixo-me estar. Leio uns poemas, bocejo, esfrego os olhos, fumo um cigarro, entretenho-me enquanto a casa arde. Custa sempre menos, assim. Sento-me, deito-me, espreguiço-me, leio outro poema, volto a bocejar, mexo na orelha, passo a outra mão na barriga para fazer arrepios, paro todas as explicações e deixo-me ficar. Vou ficando, como a pena ao vento, ou será um carro sem travões?
Um gato, outro gato, um beijo, outro beijo, uma esperança, uma derrota, uma música. Eu sabia que tinha que escrever a palavra música , caso contrário já estaria morta, mesmo.
Pouso as palmas das mãos no lençol gelado, vermelho, aperto-o, cai a lágrima, cai o vento, caí sem que me pudesse salvar. Vejo sombras, copos intactos, pianos desafinados na minha mente, pessoas aos gritos a fugir, ciclones de medos a erguerem-se sobre elas: vejo-me a mim nos seus corpos.
Este mundo é uma mentira, é uma ratoeira. Respiro fundo, acendo outro cigarro e deixo o fumo no meu peito, a passear-se.

Tuesday, January 08, 2008

a loucura.


Ah... quem me dera viver de breves melodias embrulhadas em fotografias antigas... quem me dera viver a preto e branco, sonhar a preto e branco, mudar-me do mundo a cores. A loucura não é interpretar as cores, a loucura é saber ver cores no preto e branco, saber senti-las, saber vivê-las.. Foda-se, as coisas não são tão superficiais assim, o rio não é só a água que passa à pressa, nem o céu é só um tecto nem eu sou só eu, nem tu só tu, sejas tu quem fores. O que seriam das danças vazias na sala, os rodopios perante o chão, o relógio a voltar atrás, os ponteiros a falarem-me da música e eu, eu a sonhar alto, ao longe, no tempo.
Grito, paro e sofro. A última palavra é sempre essa, a do sofrimento. É que a loucura é irmã deste e eu sou irmã da loucura, mas ela vive do meu sangue e eu do sangue dele. É por isto que se devia ficar na quietude, porque a loucur arrasta-se, a loucura entranha-se, a loucura bebe-se, a loucura come-se, a loucura ouve-se, a loucura morde-se, a loucura acalma, a loucura derrete-se e passa em todo o lado, cabe em todo o lado e com ela, com ela o sofrimento vem sempre calminho, sempre mudo, sempre disfarçado de sangue, depois, quando dou por mim, sai-me das mãos e dos olhos e da boca e sai em todas as palavras e grita em todos os silêncios e eu.... eu fujo, com medo.


Raquel, tremendo de frio.


 

Thursday, January 03, 2008

Imagens, imagens.


O jazz.

O jazz como uma conversa.
A língua corta o céu da boca e pensa que isto é bonito: é um tilintar de mim mesma para algo desconhecido.
Consigo sentir-me completa no meio destes sons, é do ritmo. O ritmo comanda alma. Ora na quietude, ora no desassossego. É o ritmo que nos indica os caminhos, qual destino embravecido, envelhecido de melodias quentes e salgadas, chocolates derretidos sobre a pedra irritada. A areia a caminhar sobre a mesma língua cortante, em busca dos lábios arroxeados.
Peço o sossego, peço só o sossego e a música, numa paisagem bonita. Peço sóó que envelheça num cenário bonito, todos os dias, podendo cheirá-lo.
Só peço isto, para depois morrer feliz, finalmente.