Sunday, November 25, 2007

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[Nada a apresentar.]

Definitivamente.




Thursday, November 22, 2007

Percepções.

Para quê ouvir os pássaros de manhã, se os carros gritam mais alto? Porquê reparar nos olhos podres, imaginários, no banco ao lado do nosso no autocarro? Porquê apagar o som do mundo e perante isso a decisão da nossa música, da nossa escolha. Porquê os guardas-chuva à mão esquerda e o cigarro em dois dedos, se o que queremos é ficar molhados e sentir a garganta viva? E as calças de ganga, a entristecerem na rua, nas mentiras de todos os dias. Sim, sim... as mentiras que vivemos todos os dias, pelas coisas em que acreditamos e pelas que não acreditamos, pelos voos que fazemos perante nós mesmos, pelas mentiras que soam a verdade e por aquelas que são só isso, mentiras. Mas o que seriam dessas mentiras sem as verdades bonitas? Que seria desses despejos de nós, sem nos achar a consciência das lágrimas, das vozes, dos olhos, das palavras, do sexo, do amor, do vício. E que seriam as ruas, se todos nós não fossemos esta mentira? Que seriam o barulho das vozes, as melodias ao peito dos lábios, que seriamos, nós, jovens vadios em nós mesmos?
F*da-se, desligo a música e durmo.


Raquel

Wednesday, November 21, 2007

Ha nao sei quantos anos atras.

Sou eu.
Sou-o embrulhada num líquido denso, mordendo os lábios vermelhos acinzentados, enganando a língua que parece colada ao céu da boca ... bloqueando todas as palavras, engolindo-as mais uma vez. Humedeço esta melancoolia breve e intensa e, de olhos fechados, consigo ingeri-la.
Sou eu.
Sou-o com medo, com alguma arrogância, com alguma demência.
Sou-o com alguma respiração irregular, algumas veias salientes nas mãos, alguns fechares de olhos sombriamente assustadores.
Sou-o sem nunca medir nem preferir nenhum pedaço meu ao outro, nem odiá-los sequer.
Sou-o, por vezes, meio morta: nunca tive gládios nem lenha para acender fogueiras e começar batalhas, mas o meu peito sempre flamejou.
Senti falta de magnificência, sempre me exigi coisas antitéticas, impossíveis... e sempre sorri estupidamente quando me apercebia destes meus desejos dissemelhantes;mas continuo a desejá-los.
Eu sou a cera quente a derreter-se sobre forma de gota sobre a pedra, sou o redondo a ficar quadrado, e depois, novamente redondo...
Eu remeto-me para chocolate quente salpicado de sal fino.
Eu grito interiormente, sonho Primaveras cinzentas, bancos de madeira pseudo-desfeitos.
Eu entretenho-me, mas não me completo. Eu choro e o som desse choro é o meu próprio sorriso.
Eu repudio-me, subjugo as minhas palavras à queda, ao vazio.
Eu suspiro ao mesmo tempo e o mesmo ar que expiro.
Eu vivo num compasso estranho, mas vivo.
Quem serei, não me interessa.



Raquel



(Isto era eu. O que serei agora?)